A Day in the Life – Wikipédia, a enciclopédia livre

"A Day in the Life"
Canção de The Beatles
do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
Lançamento 1 de junho de 1967
Gravação Abbey Road Studios, Londres, 19 de Janeiro a 22 de Fevereiro de 1967
Gênero(s)
Duração 5:35
Gravadora(s) Parlophone, Capitol Records, EMI
Composição Lennon/McCartney
Produção George Martin
Faixas de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)"
(12)

"A Day in the Life" é uma canção dos Beatles creditada à dupla Lennon-McCartney. Foi lançada no álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band de 1967. A gravação teve início em 19 de janeiro de 1967, e concluída em 22 de fevereiro de 1967.

Há uma parte adicional com sons difusos e estranhos, que não foi incluída no lançamento do álbum no Brasil. Somando esta parte, a música dura 5'33". Na verdade, quando escutamos essa música em vinil, os sons estranhos no final da música tornam-se uma espécie de moto-perpétuo, caracterizando assim uma música teoricamente sem fim. Os sons repetem-se em intervalos 2 segundos, e assim permanece até que retiremos o vinil do toca-discos. Com o CD, o material editado tem 5´33", aproximadamente.

Foi classificada como a 28ª maior canção de todos os tempos pela revista Rolling Stone. A revista também classificou-a como a maior canção dos Beatles.[4]

Criação[editar | editar código-fonte]

Esta música foi o resultado da junção de duas músicas distintas: uma composta por John Lennon e a outra por Paul McCartney.

John tinha o início e o fim da música, mas não tinha o miolo dela. Achava que tinha de por algo entre as partes que tinha composto. Por isso, gravou a primeira parte; marcou o meio dela com uma contagem de 1 (um) a 24 compassos, feita por Mal Evans; e em seguida gravou a parte final. A indicação do final da contagem era marcada, para fins de orientação, pelo toque de um despertador.

Paul possuía uma canção que não tinha início e nem fim. Apresentou ao grupo que resolveu inseri-la entre as partes já gravadas por John. O resultado final agradou a John Lennon e a Paul McCartney. Por coincidência, a frase da parte de Paul iniciava com: "Woke up, fell out of bed…" (acordei, caí da cama…), e começava exatamente no ponto antecedido pela marcação do toque do despertador. Por este motivo, o som do despertador foi mantido na gravação, já que Paul, pela canção, estava despertando.

Inspiração[editar | editar código-fonte]

A inspiração para a letra de John Lennon é a sequência de acontecimentos que, segundo ele, havia lido recentemente no jornal londrino Daily Mail. O acidente fatal de carro inspirou-se no sofrido por Tara Browne, 21 anos, neto de Edward Cecil Guiness e herdeiro da famosa marca de cerveja Guinness. Os 4.000 buracos, em uma notícia da existência dessa quantidade de buracos nas ruas de Blackburn, Lancashire, número que também se aproximava da lotação máxima do Royal Albert Hall. Sobre o filme visto, a referência próxima era a participação de John no filme "How I Won the War", em que o exército britânico vence a guerra. Baseado nestes acontecimentos, ele criou um universo onírico, com jogos de palavras, bem ao seu estilo de compor. O verso "I'd love to turn you on" que finalizava ambas as partes da música atribuída a ele tinha conotação explícita com o uso de drogas: "Eu adoraria excitar você". Naquela época, John Lennon estava no auge de suas experiências com o LSD.

A letra de Paul McCartney é mais pessoal. Refere-se a alguém que acorda, toma o café-da-manhã, sai atrasado para trabalhar, entra no ônibus e vai para a parte de cima (os ônibus britânicos têm dois andares). Então, fuma e entra em um sonho: "Found my way upstairs and had a smoke / Somebody spoke and I went into a dream" (Me encaminhei para o segundo andar e acendi um cigarro, alguém falou e então entrei em um sonho (transe)). Esta última parte da letra é uma referência explícita a uma "viagem" ocasionada pelo uso de droga, neste caso, a maconha.

Devido a estas referências serem explícitas ao uso de entorpecentes, esta canção foi banida das estações de rádio inglesas.

Gravação[editar | editar código-fonte]

A gravação teve início no dia 19 de janeiro de 1967, quando foram gravadas quatro tomadas, só com a parte do John. No dia seguinte, a tomada 4 foi trabalhada e transformada nas tomadas 5, 6 e 7, já com a parte de Paul inserida, sendo a tomada 6 considerada a melhor. No dia 3 de fevereiro a parte de Paul foi refeita e Ringo Starr gravou a sua batida antológica de Tom-toms.

A parte orquestral da canção foi gravada no dia 10 de fevereiro. A orquestra era composta de 40 músicos, um gasto extravagante para o pouco que ela tocaria. Paul McCartney foi quem teve a ideia de utilizar uma orquestra; e embora na realidade quisesse 90 músicos, foi convencido por George Martin que 40 seriam suficientes para o efeito que desejava. George Martin e Paul pediram aos músicos que tocassem, partindo de uma nota pré-estabelecida (Mi maior), indo até a nota mais aguda que seus instrumentos pudessem alcançar, em intensidade cada vez maior, até preencher os 24 compassos entre a parte de John e a parte de Paul. Os músicos no início não entenderam direito o que era para ser feito, mas com mais explicações entraram no clima da gravação. O resultado final foram 33 segundos de acordes de uma orquestra de 40 instrumentos tocados em crescendo. Depois, a gravação foi quadruplicada através de overdub, criando um efeito semelhante a 160 músicos executando seus instrumentos. Estes acordes foram utilizados duas vezes na música: entre a primeira parte de John e a parte de Paul, e após a segunda parte de John, culminando no temeroso fim da música com sua sonhadora e voz nasal, que é composto de um acorde tocado simultaneamente por três pianos e um harmônio, que se esvai lentamente. O acorde é sustentado por incríveis 45 segundos.

Para finalizar a parte instrumental e musical, no dia 22 de fevereiro foi gravado um tom de Mi maior, tocado simultaneamente por Mal Evans, John Lennon, Paul McCartney, e Ringo Starr em três pianos diferentes, que foi triplicada através de "overdub", criando um efeito de apoteose.

Após o final apoteótico produzido pelo Mi maior executado pelos três pianos e de um pequeno intervalo (em que na versão inglesa, John Lennon inseriu um tom tocado por um apito para cachorros, só audível por estes), ouve-se sons difusos, sem nexos, que encerram a faixa e o álbum. Esta última parte da gravação foi realizada durante a recepção que foi oferecida pelos Beatles no dia da gravação da orquestra, 10 de fevereiro, para amigos e convidados especiais (Mick Jagger, Marianne Faithfull, Keith Richards, Donovan, Pattie Boyd e Michael Nesmith, entre outros). É a gravação de sons dos convidados na festa, que foi reproduzida com a fita invertida e repetida várias vezes. Na época, cogitou-se haver "mensagens ocultas" neste trecho.

Na parte final da canção, as versões dos LPs lançados na Inglaterra, nos EUA e no resto do mundo (que seguia a versão americana) diferiam. A partir do lançamento do álbum em versão digital (CD), no ano de 1987, houve um unificação da edição, prevalecendo a versão inicial pensada pelos Beatles e lançada na edição britânica.

O CD Anthology 2 apresenta uma versão criada por George Martin especialmente para esta edição. Várias tomadas alternativas das gravações foram montadas, formando a mesma seqüência da música, mas com tomadas diversas. Aparece John dando as instruções iniciais na tomada 1; a marcação para o início da tomada 2 de John: "sugar plum fairy...., sugar plum fairy" (segundo a gíria londrina, "sugar plum fairy" era um traficante entregador de drogas, mas também pode ser uma referência a uma peça de Tchaikovsky); a marcação do intervalo através da contagem de Mal Evans e o toque do despertador. A parte de Paul é uma tomada diferente do lançada na versão oficial.

No CD Love, a música começa com a contagem "sugar plum fairy...., sugar plum fairy" e o som do despertador é mais acentuado. A parte dos sons difusos, gravados na festa e tocado ao contrário é omitida.

Músicos[editar | editar código-fonte]

Orquestra[editar | editar código-fonte]

  • Erich Gruenberg, Granville Jones, Bill Monro, Jurgen Hess, Hans Geiger, D. Bradley, Lionel Bentley, David McCallum, Donald Weekes, Henry Datyner, Sidney Sax, Ernest Scott, John Underwood: violinos
  • Gwynne Edwards, Bernard Davis, John Meek: violas
  • Francisco Gabarro, Dennis Vigay, Alan Dalziel, Alex Nifosi: violoncelos
  • Cyril MacArther, Gordon Pearce: contrabaixos
  • John Marson: harpa
  • Roger Lord: oboé
  • Cliford Seville, David Sanderman: flautas
  • David Mason: trompete
  • Monty Montgomery, Harold Jackson: trompetes
  • Raymond Brown, Raymond Premru, T. Moore: trombones
  • Michael Barnes: tuba
  • Basil Tschaikov, Jack Brymer: clarinetes
  • N. Fawcett, Alfred Waters: fagotes
  • Alan Civil, Neil Sanders: trompas
  • Tristan Fry: tímpano, percussão

Referências

  1. Popular Music in America: The Beat Goes On, Michael Campbell, page 213
  2. J. DeRogatis, Turn on Your Mind: Four Decades of Great Psychedelic Rock (Milwaukee, Michigan: Hal Leonard, 2003), ISBN 0-634-05548-8, p. 48.
  3. Wray, John (18 de maio de 2008). «The Return of the One-Man Band». The New York Times. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  4. "500 Greatest Songs of All Time". Rolling Stone

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Turner, Steve. A Hard Day's Write: The Stories Behind Every Beatles' Song, Harper, New York: 1994, ISBN 0-06-095065-X
  • Lewisohn, Mark. The Complete Beatles Recording Sessions: The Official Story of the Abbey Road Years, Hamlyn Publishing Group Limited, London: 1988, ISBN 0-600-55798-7
  • Miles, Barry. Paul McCartney - Many Years From Now. Secker & Warburg, 1997. Page: 357. ISBN 0-436-28022-1
  • Muggiati, Roberto. "A Revolução dos Beatles". Ediouro, 1997. ISBN 85-00-00425-8

Ligações externas[editar | editar código-fonte]