Cemitério do Araçá – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Cemitério do Araçá (Necrópole do Santíssimo Sacramento) é uma necrópole da cidade de São Paulo, localizado na Avenida Doutor Arnaldo. Fundado em 4 de junho de 1887, é um dos mais antigos da capital paulista.[1]

Sua área atual é de 221.475,16 m², divididos entre os bairros de Pinheiros e do Pacaembu, região nobre no distrito da Consolação, onde se localizam mausoléus de importantes e tradicionais famílias paulistanas.[2]

Bem arborizado, conta um enorme acervo de esculturas em seus túmulos, como anjos, serafins, querubins de mármore e bronze.[3] O cemitério abriga ainda sepulturas de personagens importantes da história brasileira, e também o mausoléu da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde estão enterrados policiais mortos em ação.[4][5]

A Cortel São Paulo é uma empresa que faz parte do Grupo Cortel, responsável pela gestão, administração e manutenção de cemitérios, crematórios e agências funerárias da cidade de São Paulo. A Cortel administra outros quatro cemitérios em São Paulo, o Cemitério Dom Bosco, Cemitério São Paulo, Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, e o Cemitério Santo Amaro.

História[editar | editar código-fonte]

O Cemitério do Araçá surgiu da necessidade da cidade de São Paulo ter uma nova necrópole, após a superlotação do Cemitério da Consolação. Além disso, os imigrantes italianos, que estavam em ascensão, demandavam um local específico para enterrar os seus mortos, pois no Consolação, o espaço era predominantemente destinado às famílias tradicionais da elite paulistana, ligadas à cultura cafeeira.

Se no início era uma alternativa mais econômica para esse segmento emergente da população, transformou-se depois em uma cemitério mais elitizado.

O nome Araçá foi escolhido por estar situado na antiga Estrada do Araçá, atual Avenida Doutor Arnaldo, que pode indicar que essa árvore era comum na região.[6]

Ossário Geral do Cemitério do Araçá[editar | editar código-fonte]

O cemitério conta com um ossário, que de 2002 a março de 2016, abrigou mais de mil ossadas de mortos e desaparecidos políticos encontrados em vala clandestina de Perus, distrito de São Paulo, em 1990.[7]

Na madrugada do dia 03 de novembro de 2013, o ossário foi depredado após um ato inter-religioso do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça. Houve a destruição de dois monólitos de 700 kg, foram espalhados sacos de ossadas e depredadas estátuas de túmulos não relacionados ao ossário.[7]

A invasão danificou gavetas que armazenam ossadas e parte das obras da exposição Penetrável Genet, dos artistas Celso Sim e Anna Ferrari, que integraram a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, que abordou a questão dos desaparecidos políticos na época da ditadura militar.[8]

Em março de 2016, a Prefeitura de São Paulo realizou o traslado das ossadas encontradas na vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, para o Centro de Arqueologia e Antropologia Forense da Universidade Federal de São Paulo (CAAF/Unifesp), um local mais seguro e apropriado com equipes de arqueólogos, antropólogos forenses e peritos oficiais que realizassem a análise dos materiais, para a retomada das identificações das ossadas.[9]

O traslado foi resultado das ações interinstitucionais, coordenadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, envolvendo o Serviço Funerário Municipal de São Paulo, a Polícia Federal, a Guarda Civil Metropolitana, a Companhia de Engenharia de Tráfego, a UNIFESP, o Ministério Público Federal, o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.[9]

Sepultados[editar | editar código-fonte]

Dentre as personalidades sepultadas no Cemitério do Araçá, constam:[3][10]

Referências

  1. Paulo, Do G1 São (6 de janeiro de 2014). «Testemunhas viram grupo punk no Cemitério do Araçá, diz Prefeitura» 
  2. Brasileiro, Centro de Referência do Futebol (23 de março de 2020). «Cemitério do Araçá: histórias sobre a cidade, o futebol e a morte» (em inglês) 
  3. a b «Cemitério Araçá - Você Precisa Saber - Cemiterio.net» 
  4. «Cemitério do Araçá». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  5. «Viva Pacaembu - Cemitério do Araçá». www.vivapacaembu.com.br. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  6. Brasileiro, Centro de Referência do Futebol (23 de março de 2020). «Cemitério do Araçá: histórias sobre a cidade, o futebol e a morte». Medium (em inglês). Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  7. a b Conteúdo, Estadão (4 de novembro de 2013). «Cemitério do Araçá tem ossário e estátuas depredadas - São Paulo - iG» 
  8. «PF investigará depredação do Ossário Geral do Araçá - CNV - Comissão Nacional da Verdade» 
  9. a b «Prefeitura finaliza transferência das ossadas clandestinas de Perus» (em inglês) 
  10. Cemitérios de São Paulo reúnem túmulos de artistas e famosos
  11. «Estilista Clô Orozco é encontrada morta em Higienópolis». 28 de março de 2013 
  12. «Filósofo Fausto Castilho é enterrado em SP». Jornal Diário do Grande ABC. 4 de fevereiro de 2015. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 3 de junho de 2018 
  13. «Estilista Clô Orozco é encontrada morta em Higienópolis» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Cemitério do Araçá