Fausto Castilho – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fausto Castilho
Nascimento 15 de junho de 1929
Cambará, PR
Morte 3 de fevereiro de 2015 (85 anos)
Campinas, SP
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Carmen Pontvianne de Castilho
Alma mater Universidade de Sorbonne
Ocupação filósofo, professor, tradutor e escritor

Fausto Castilho (Cambará, 15 de junho de 1929Campinas, 3 de fevereiro de 2015) foi um filósofo, tradutor, escritor e professor brasileiro.[1] Foi um dos principais estudiosos do filósofo alemão Martin Heidegger no Brasil.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Formação acadêmica e primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Fausto Castilho nasceu em Cambará, município no interior do Paraná, no ano de 1929.[3][4] Filho de família tradicional, mudou-se para São Paulo para estudar no Liceu Pasteur.[1] Ia cursar Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD-USP), tradicional faculdade da Universidade de São Paulo (USP) localizado no Centro da cidade.[5][6] Aprovado no vestibular com dezessete anos, Fausto não quis ingressar no curso e queria cursar Filosofia na Universidade de Sorbone, localizada em Paris, na França.[7][1] Seu avô foi convencido a custear os estudos graças a pressão de intelectuais como Oswald de Andrade e Sérgio Milliet.[6]

Em Paris, foi aluno de intelectuais como Maurice Merleau-Ponty, Jean Piaget e Gaston Bachelard.[8] Na Universidade de Freiburgo, foi aluno de Martin Heidegger.[2]

Retorno ao Brasil e atuação[editar | editar código-fonte]

Formado em Filosofia, retornou ao Brasil, em 1954 onde atuou como professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR).[9] Ainda no Paraná, foi diretor da Biblioteca Pública do Paraná.[10] No ano de 1959, casou-se com Carmen Pontvianne de Castilho.[11] Como professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi um dos organizadores do evento que ficou conhecido como "Conferência de Araraquara" no campus da Unesp da cidade.[12] O evento contou com a presença do filósofo francês Jean-Paul Sartre e dos intelectuais brasileiros Fernando Henrique Cardoso, Antonio Candido e Ruth Cardoso.[13] Na cidade, também ajudou a fundar o curso de Filosofia na Unesp.[1]

No biênio de 1965-1966, atuou como assessor do prefeito de São Paulo, José Vicente Faria Lima para as áreas de educação e cultura.[10] No ano seguinte, foi convidado por Zeferino Vaz para ser um dos implementadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ajudando a implementar o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH) - atuando como primeiro diretor do instituto -, fundou o grupo de linguística que deu origem ao Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp (IEL) e atuou na configuração do Departamento de Planejamento Econômico e Social (Depes) que gerou o Instituto de Economia da Unicamp (IE).[14][15]

Retornou a Curitiba, para defender sua livre docência na UFPR, onde permaneceu entre 1973 e 1976.[1] Em 1977, tornou-se professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA), onde lecionou durante os anos 1977 a 1984.[16] No mesmo ano que findou-se sua passagem pela USP, retornou para Unicamp onde lecionou durante décadas e tornou-se professor emérito no ano de 2000.[17]

No ano de 2012, lançou pela Editora da Unicamp em parceria com a editora Vozes, uma tradução de Ser e Tempo de Heidegger em uma versão bilíngue com 1200 páginas.[2] Fausto começou a traduzir o livro ainda em 1949, com colegas brasileiros, quando estava na Alemanha, onde teve o primeiro contato com a obra.[8][18]

Morte[editar | editar código-fonte]

Fausto morreu em Campinas, aos 85 anos em 3 de fevereiro de 2015, no hospital que estava internado desde 25 de janeiro.[6] Seu corpo foi velado na Biblioteca Octavio Ianni em cerimônia conduzida pelo padre Norberto Tortorelo Bonfim.[11][19] Foi enterrado no Cemitério do Araçá, em São Paulo.[20]

Legado[editar | editar código-fonte]

No ano de 2017, um dos auditórios do IFCH foi batizado com o nome de Fausto.[21] Em 2020, a Unicamp inaugurou a Biblioteca de Obras Raras Fausto Castilho, com nome batizado em homenagem à Fausto.[22] A biblioteca também recebe a coleção pessoal de Fausto doada pelo professor em 2014, contendo dez mil volumes.[23]

Bibliografia selecionada[editar | editar código-fonte]

  • Husserl e a via Redutiva da Pergunta-recorrente que Parte da Lebenswelt, Editora da Unicamp, 2015.[24]
  • Ser e tempo (trad.): edição em alemão e português. Editora da Unicamp, Editora Vozes, 2012.[25]
  • O conceito de universidade no projeto da UNICAMP, Editora da Unicamp, 2008.[24]

Referências

  1. a b c d e «Vida – Fundação Fausto Castilho» (em inglês). Consultado em 7 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 26 de novembro de 2022 
  2. a b c «Fausto Castilho traduz Ser e Tempo, de Heidegger». Exame. 1 de outubro de 2012. Consultado em 7 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 7 de fevereiro de 2023 
  3. Murá, Aroldo (11 de fevereiro de 2015). «Aryon esclareceu o significado da palavra Curitiba». MuráL do Paraná. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  4. «Cambará (PR) | Cidades e Estados | IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  5. «Largo São Francisco». Governo do Estado de São Paulo. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  6. a b c Tuffani, Maurício (4 de fevereiro de 2015). «Fausto Castilho (1929-2015) - Filósofo de sucesso, ajudou a criar a Unicamp -». Folha de S. Paulo. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  7. «About us». Sorbonne Université. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2020 
  8. a b «Fausto Castilho traduz Ser e Tempo, de Heidegger». Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. 31 de agosto de 2012. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2021 
  9. Carlos Roberto Francisquini (5 de fevereiro de 2015). «Cambaraense que ajudou a criar a UNICAMP morre aos 85 anos». Circulando Aqui. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  10. a b Alexandre Guimarães Tadeu de Soares; Torino, Luciene Maria; Seneda, Marcos César (2013). «Entrevista pública concedida por Fausto Castilho» (PDF). Educação e Filosofia. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 8 de fevereiro de 2023 
  11. a b Manuel Alves Filho (3 de fevereiro de 2015). «O adeus da Unicamp a Fausto Castilho». Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  12. Mendonça, Cristina Diniz (dezembro de 1988). «Sartre: a conferência de Araraquara». Trans/Form/Ação (0): 45–52. ISSN 0101-3173. doi:10.1590/s0101-31731988000100006. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  13. Marco Aurélio Nogueira (5 de fevereiro de 2015). «Fausto Castilho (1929-2015), filósofo, intelectual público, dínamo institucional». Estadão. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  14. Viana, Diogo (2016). «Uma ponte entre as ciências». Revista da Pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2022 
  15. Luiz Gonzaga Belluzzo (4 de abril de 2020). «Wilson Cano, saudades do amigo e companheiro de muitas batalhas | Brasil Debate |». Brasil Debate. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  16. Motta, Benedito (1 de janeiro de 1985). «A universidade eidética e a universidade brasileira, por sua imagem: a USP». Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo (0). 178 páginas. ISSN 2318-8235. doi:10.11606/issn.2318-8235.v80i0p178-196. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  17. «Fausto Castilho, filósofo brasileiro que conviveu com Heidegger, morre aos 83». Gazeta do Povo. 3 de fevereiro de 2015. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2015 
  18. Luiz Sugimoto (27 de agosto de 2012). «Fausto Castilho traduz 'Ser e Tempo', obra maior de Heidegger». Jornal da Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  19. «Padre Norberto Tortorelo Bonfim». Arquidiocese de Campinas. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2022 
  20. «Filósofo Fausto Castilho é enterrado em SP». Jornal Diário do Grande ABC. 4 de fevereiro de 2015. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 3 de junho de 2018 
  21. «Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Inauguração do Auditório "Fausto Castilho" e abertura de exposições». Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. 31 de julho de 2017. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  22. Mateus, Felipe (10 de março de 2020). «Unicamp inaugura Biblioteca de Obras Raras». Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2022 
  23. «Fausto Castilho». Biblioteca de Obras Fausto Castilho. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2023 
  24. a b Castilho, Fausto (2008). O conceito de universidade no projeto da UNICAMP. [S.l.]: Editora UNICAMP 
  25. Heidegger, Martin (2012). Ser e tempo: edição em alemão e português. [S.l.]: Editora da Unicamp