Conclave de 1521-1522 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Conclave de 1521-22
Conclave de 1521-1522
O Papa Adriano VI
Data e localização
Pessoas-chave
Decano Bernardino López de Carvajal y Sande
Vice-Decano Domenico Grimani
Camerlengo Bernardino López de Carvajal
Protopresbítero François Guillaume de Castelnau-Clermont-Lodève
Protodiácono Marco Cornaro
Eleição
Eleito Papa Adriano VI
(Adriaan Florenszoon Böyens)
Participantes 39
Ausentes 9
Escrutínios 13
Cronologia
Conclave de 1513
Conclave de 1523
dados em catholic-hierarchy.org

O conclave papal que ocorreu entre 1521 e 1522 deu como resultado a eleição do Papa Adriano VI para suceder ao Papa Leão X. O conclave se caracterizou no princípio pelas candidaturas dos cardeais Giulio de’ Medici e Alessandro Farnese, embora os Colonna e outros cardeais frustraram suas aspirações.

O número de cardeais eleitores (39) e a longa duração da sede vacante aumentou o custo do conclave, inclusive com o excesso dos fundos distribuídos por Carlos V, Sacro Imperador, Francisco I da França e Henrique VIII de Inglaterra para promover a seus candidatos.

Adriano VI foi o último papa eleito não-italiano até a eleição de Karol Wojtyła, mais de 450 anos depois, e foi o último eleito que não estava presente no conclave.

Brasão papal de Sua Santidade o papa Adriano VI

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Havia 39 cardeais eleitores, sendo que somente 3 deles não eram da Itália (dois espanhóis e um suíço).[1][2][3] Nove não-italianos não assistiram (em comparação com só um italiano) apesar da longa demora na troca do governo papal.[1] Isso se deveu à captura de um cardeal no seu caminho a Roma pelo que houve um resgate. Entretanto, os agentes de Carlos V, Francisco I e Henrique VIII começaram a distribuir grandes somas de dinheiro aos cardeais para suborná-los.[1]

A opção preferida de Henrique VIII era Thomas Wolsey (para quem estava disposto a gastar 100.000 ducados), apesar de achar que Giulio de’ Medici (futuro papa Clemente VII) também era aceitável.[1] Henrique VIII perguntou a Carlos V (com quem se aliou) se dava seu apoio a Wolsey e enviava seu exército a Roma.[1] Inclusive grande parte dos subornos dos monarcas foram menores que o custo do conclave, e inclusive a tiara papal foi hipotecada para o financiamento da eleição, e só alguns poucos cardeais italianos sequer considerariam a um não-italiano na Cátedra de Pedro.[1]

Carlos V finalmente deu seu apoio aos Medici no lugar de Wolsey, apesar de que sua decisão foi criticada por muitos, já que era cardeal-sobrinho de Leão X e o Sacro Colégio temia um papado hereditário.[1]

Francisco I apoiou a eleição de um papa francês, respaldado por um milhão de ecus de ouro, ainda que não esteja claro se realmente enviou os fundos a Roma. De fato, os agentes de Francisco I centraram sua atenção nos candidatos italianos "afrancesados", principalmente os três venezianos.[1]

Medici, por sua parte, entrou no conclave com quinze ou dezesseis partidários, mas poucas possibilidades de conseguir votos adicionais.

Os papabiles[editar | editar código-fonte]

Os corredores de apostas de Roma ofereceram apostas nos papabiles: um dos primeiros exemplos de jogos de azar baseado nas eleições papais. As apostas eram de:[1]

  • Giulio de’ Medici: 25 a 100
  • Alessandro Farnese: 20 a 100

Cardeais votantes[editar | editar código-fonte]

Participaram dos escrutínios os seguintes cardeais[2][3]:

* Eleito Papa

Cardeais Bispos[editar | editar código-fonte]

Cardeais Presbíteros[editar | editar código-fonte]

Cardeais Diáconos[editar | editar código-fonte]

Cardeais ausentes[editar | editar código-fonte]

Cardeais Presbíteros[editar | editar código-fonte]

Cardeais Diáconos[editar | editar código-fonte]

O conclave[editar | editar código-fonte]

Cardeal
Thomas Wolsey
Cardeal
Giulio de’ Medici
Cardeal
Alessandro Farnese
Palácio Apostólico Vaticano, lugar da eleição.

O conclave começou em 28 de dezembro,[1][3][2] depois de 27 dias da morte de Papa Leão X.[1] Os cardeais acordaram uma capitulação em conclave e as votações começaram em 30 de dezembro.[1]

Farnese, com o apoio dos Medici e seus partidários, recebe no princípio 12 votos, todos provenientes de cardeais ungidos por Leão X.[4] Se Farnese tivesse assegurado os votos dos outros cardeais de Leão X (28 dos 39 eleitores), poderia facilmente ter sido eleito.[4] O povo romano saqueou sua casa (como era costume nos casos de papas recém-eleitos) e os corredores de apostas subiram suas probabilidades a 40 a 100, ainda que seus votos se reduziram a 4 no segundo dia de votação.[4] Depois da segunda votação, um cardeal se declarou enfermo e foi dada sua saída do conclave com a aprovação dos dois terços.

O conclave foi se arrastando até a entrada de 1522, tendo só uma votação por dia.[4] Farnese seguia sendo o favorito no oitavo escrutínio, com Medici pedindo um accessus depois que Farnese recebera 12 votos.[4] Farnese recebeu entre oito e nove votos adicionais por accessus, e um cardeal inclusive gritou "Habemus Papam".[4] entretanto, dois dos mais fortes opositores de Farnese exigiram uma recontagem oficial dos votos, e se revelou que Farnese não tinha os votos suficientes para a maioria qualificada necessária (dois terços), depois do qual Farnese foi desacreditado e perdeu o apoio.[4]

Medici tentou promover a candidatura dos demais membros de seu partido, mas nenhum poderia obter um amplo apoio.[4] Wosley recebeu oito votos, mas sua juventude fez com que outros cardeais não o apoiassem (o embaixador inglês tratou de convencer que ele teria mais de cinquenta anos).[4] Medici se dirigiu ao conclave em 9 de janeiro e sugeriu a atenção para os candidatos que não estavam presentes no conclave, expressando sua vontade de eleger a Adriano de Utrecht.[4] Em seguida Adriano recebeu 15 votos, incluindo todos os partidários de Medici.[5] Colonna, o principal oponente dos Medici e os seus partidários, declararam seu apoio a Adriano, compensando com 13 votos por accessus, exatamente os dois terços necessários.[5] Já que Adriano não estava presente, sua candidatura não requeria dois terços mais um.[5]

Adriano VI[editar | editar código-fonte]

O povo não entendia quem tinha sido eleito, mas imediatamente depois do anúncio, como Adriano era relativamente desconhecido e exercia nesse momento o cargo de vice-rei com Carlos V.[5] Três cardeais foram enviados para informar-lhe de sua eleição, com uma carta privada que chegou a Adriano em 24 de janeiro (os cardeais não chegariam até março).[5] Entretanto, os rumores da morte de Adriano se estenderam em Roma e Francisco I começou a se preparar para um novo conclave.[5] Os cardeais não trouxeram o Anel do Pescador até a Espanha, para assegurar que ele se visse obrigado a viajar a Roma, aonde chegou em 28 de agosto.[5] Adriano VI chegou com um estilo muito devoto ao Vaticano, onde celebrou a Eucaristia todos os dias durante o ano em que foi Papa, diferente de seus dois predecessores, que provavelmente nunca celebraram uma missa.[6]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j k l Baumgartner, 2003, p. 95.
  2. a b c «Catholic Hierarchy» (em inglês) 
  3. a b c «The Cardinals of the Holy Roman Church» (em inglês) 
  4. a b c d e f g h i j Baumgartner, 2003, p. 96.
  5. a b c d e f g Baumgartner, 2003, p. 97.
  6. Baumgartner, 2003, pp. 97-98.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Baumgartner, Frederic J. 2003. Behind Locked Doors: A History of the Papal Elections. Palgrave Macmillan. ISBN 0-312-29463-8.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]