X-gênero – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bandeira do orgulho x-gênero

X-gênero (em japonês: Xジェンダー, transl. x-jendā) é um terceiro gênero que difere de F, de feminino, e M, de masculino.

Origem da palavra[editar | editar código-fonte]

A expressão gênero X é composta pela letra X (xis), que é usado em muitos países em documentos para indeterminação de gênero (por exemplo, na Áustria). E gênero é entendido no Japão de acordo com o significado em inglês (gender). A composição teve origem no próprio Japão e só é usada lá. Em contraste, os termos internacionais “transgênero”, “genderqueer” ou “não binário” raramente são usados para tais identidades de gênero no Japão.[1]

Presume-se que a origem da expressão seja a região de Kansai, na principal ilha japonesa, onde apareceu repetidamente em publicações de grupos queer (homossexuais) no decorrer da década de 1990, embora a origem exata seja desconhecida. Pela primeira vez, o significado é considerado e definido em detalhes em uma edição da revista Poco a poco,[2] que foi publicada por G-Front Kansai em 2000 e continha vários artigos sobre pessoas que poderiam ser classificadas na categoria de gênero X-gênero.[3] No entanto, o próprio nome só apareceu no glossário. Por um dos membros fundadores do grupo, que participou de várias entrevistas e documentários, x-jendā (em japonês, pronuncia-se ekkusu jendā) foi posteriormente estabelecido. Como resultado, o termo se tornou mais difundido por meio de seu uso nas redes sociais e aumento da conscientização sobre o discurso de gênero na opinião pública.[1]

Classificação[editar | editar código-fonte]

O gênero X é considerado parte do espectro transgênero e é frequentemente visto como um transtorno de identidade de gênero (em japonês: 性同一性障害, transl. seidōitsuseishōgai). Embora o termo não tenha aparecido até a virada do milênio, identidades de terceiro gênero são conhecidas no Japão (como okama ou onabe) e fora dele há muito tempo (como Hijra na Índia, Kathoey na Tailândia ou pan-indígena dois-espíritos). Uma vez que as mais diversas identidades de gênero são resumidas com gênero X, não há uma definição clara desta categoria em termos de um gênero específico; três subgrupos são comuns:[1]

A palavra componente (-sei) usada em todos esses termos significa “gênero” e se refere a características biológicas e identitárias.[1]

Os significados de “transgênero” e “transtorno de identidade de gênero” originalmente se referiam à mudança entre os dois sexos homem–mulher: de um completamente para o outro (transexualidade). Parte das ideias era de que existia apenas essa bissexualidade, agora tida como bigeneridade, combinada com uma heteronormatividade da respectiva orientação sexual (amor do sexo oposto). Em contraste, o X-gênero japonês oferece uma possibilidade indefinida de atribuição de gênero fora das duas categorias, sem questionar sua binariedade ou cisnormatividade.[1]

Os termos FtX/F2X (female to x-gender, de sexo feminino para x-gênero), MtX/M2X (male to x-gender, de sexo masculino para x-gênero) e XtX/X2X (x-gênero para x-gênero, que seria um sexo neutro para intersexo) são usados para expressar a sexo/gênero atribuído ao nascer, indicando uma transição de gênero, semelhantes a MtF/M2F, de mulher trans ou transfeminina, e FtM/F2M, de homem trans ou transmasculino.[4][5][6]

Ver Também[editar | editar código-fonte]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Sonja Pei-Fen Dale: An Introduction to X-Jendā: Examining a New Gender Identity in Japan. In: Carolyn Brewer (ed.): Intersections: Gender and Sexuality in Asia and the Pacific. No. 31. Universidade Nacional da Austrália, dezembro de 2012 (inglês; online em anu.edu.au).
  • Sonja Pei-Fen Dale: Mapping “X”: The Micropolitics of Gender and Identity in a Japanese Context. Tese de doutorado do Departamento de Estudos Globais da Universidade de Sófia, Tóquio, 2013 (inglês).
  • Sonja Pei-Fen Dale: Gender Identity, Desire, and Intimacy Sexual Scripts and X-Gender. In: Allison Alexy, Emma E. Cook (ed.): Intimate Japan: Ethnographies of Closeness and Conflict. Universidade do Havaí Press, Honolulu 2019, ISBN 978-0-8248-7668-5, pp. 164-180 (em inglês; PDF em library.oapen.org).[7]
  • Daiki Hiramori: Social-Institutional Structures That Matter: A Quantitative Monograph of Sexual/Gender Minority Status and Earnings in Japan. 26 de fevereiro de 2019 (inglês; PDF no osf.io).

Referências

  1. a b c d e Sonja Pei-Fen Dale: An Introduction to X-Jendā: Examining a New Gender Identity in Japan. In: Carolyn Brewer (Hrsg.): Intersections: Gender and Sexuality in Asia and the Pacific. Nr. 31. Australian National University, dezembro de 2012
  2. «Intersections: An Introduction to X-Jendā: Examining a new gender identity in Japan». intersections.anu.edu.au. Consultado em 17 de abril de 2021 
  3. Dale, S. P. F. «An Introduction to X-Jendā: Examining a New Gender Identity in Japan» (em inglês). Consultado em 17 de abril de 2021 
  4. «Non-Binary in Japan». ABNRML JAPAN (em inglês). Consultado em 18 de abril de 2021 
  5. «Xジェンダーのための会員制サークル label X(ラベル・エックス)». label X(ラベル・エックス). Consultado em 18 de abril de 2021 
  6. «ノンバイナリー(Xジェンダー)とは». www.outjapan.co.jp (em jp). Consultado em 18 de abril de 2021 
  7. Alexy, Allison; Cook, Emma E.; Alexy, Allison; Cook, Emma E.; Dale, S. P. F.; Dales, Laura (2018). Intimate Japan: Ethnographies of Closeness and Conflict. Honolulu: University of Hawai'i Press